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Inspiração na Indecisão


Sentado friamente no mármore calmo que formava o pavimento da bela capela gelada, fitava, de olhos fechados, o meu futuro. De uma forma metódica, calculista e quase matemática analisava os vários cenários que ia criando. Apesar de geometricamente centrado numa sala redonda, vazia, rodeada de arcadas, formando passagens, sentia-me encurralado; todas as opções me pareciam distantes e indesejáveis. Com o passar do tempo, inquietava-me a possibilidade de nunca daqui sair, de nunca me levantar, de nunca escolher nem agir e para sempre apenas pensar.
No final da tarde, cruzando o firmamento em direcção a poente, o sol permitiu a entrada de um foco quente de luz através do óculo da fachada principal que me banhou, me invadiu e me aqueceu. Esbocei um meio sorriso devido à sensação acolhedora que tanto diferia do sentimento provocado durante o tempo já passado entre aquelas frias e indiferentes paredes e colunas de pedra polida.
Levantei-me lentamente e a minha cara deixou de estar ofuscada pelo raio de luz que continuava a aquecer as minhas pernas. Cegado pela diferença de luminosidade, esperei para que os meus olhos se voltassem a adaptar aos cantos mais escuros... Aguardei, mas continuei sem me mexer.

Procurei e Encontrei-te


Treme a luz frouxa de um candeeiro num canto, eficaz chamariz de melgas curiosas, enquanto o quarto é remexido. Há variados papeis espalhados no vasto tampo da sua secretária (contas, notas de bancos, citações, rabiscos e desenhos), as malas de viagem encontram-se eternamente feitas e desfeitas, como se estivesse sempre preparado para partir ou como se não gostasse de assentar. O seu cinzeiro serve de repouso a um punhado de cinzas sem significado e o maço de cigarros encontra-se perdido. Ainda assim, há fumo no ar; um fumo doce de mel emanado pelo incenso prestes a desfazer-se. A inspiração tinha arrefecido, como não teve o chá hipótese de o fazer. Bebido de um trago e aquecendo-o por dentro, deu-lhe motivação para procurar em todas as gavetas todos os pequenos elementos que lhe faltavam. Na televisão que acompanhava a desarrumação, falava-se de pintura, sendo mostradas algumas galerias de renome. Durante o comentário simplista à Tate Modern feito por uma londrina ruiva, começou a vibrar o telemóvel que se encontrava soterrado num monte de livros no chão. Ignorando a chamada, dirigiu-se à cómoda e abriu a gaveta dos cachecóis.

Agora não te quero perder.

427. Pavements

"E se acaso falares com alguém longíquo, e se, hoje nuvem de possível, amanhã caíres, chuva de real sobre a terra, não te esqueças nunca da tua divindade original de um sonho meu. Sê sempre na vida aquilo que possa ser o sonho de um isolado e nunca o abrigo de um amoroso. Faze o teu dever de mera taça. Cumpre o teu mister de ânfora inútil. Ninguém diga de ti o que a alma do rio pode dizer das margens, que existem para o limitar. Antes não correr na vida, antes secar que sonhar.
Que o teu génio seja o ser supérfluo, e a tua vida a arte de olhares para ela. Não sejas nunca mais nada.
Hoje és apenas o perfil criado deste livro, uma hora carnalizada e separada das outras horas. Se eu tivesse a certeza de que o eras, ergueria uma religião sobre o sonho de amar-te.
És o que falta a tudo. És o que a cada coisa falta para a podermos amar para sempre. Chave perdida das portas do Templo, c
aminho encoberto do Palácio, Ilha longíqua que a bruma nunca deixa ver..."
Bernardo Soares

não ser mais a divindade original de um sonho teu,
limitar-te como se de uma margem me tratasse,
não ser certezas nem futuro...
it's killing me

'and should I give up
or should I just keep chasing pavements
even if it leads nowhere?'

Kraken hates his spot

Isto são rabiscos perdidos num mar de tormentos em que não tenho permitido que ninguém navegue. Não acho seguro. Nem para mim. E eu sou o seu Kraken. Eu é que causo as ondas e os naufrágios.

Hum, este Kraken está mesmo furiosozinho.


This house is a house, not a home. This city is a city, not a lifestyle.

Dizer que a universidade me tem mudado é simples constatação de factos. Dizer que tem sido sempre para melhor é simples estupidez. Não pode ser tudo perfeito. Nem sempre me posso orgulhar do que tenho sentido ou de como me tenho sentido. Transição. Something inside of me died. A parte ligada a ti. Não me identifico mais e não me quero voltar a identificar. Revoltado? Agora sim. Por agora? Espero que não. "Sonho e futuro"? Talvez. Mas não para mim. Recuso-me a acreditar que futuro para mim será aqui. E acho de uma mediocridade extrema sonhar com isto.

RP do futuro, quero que te lembres, se um dia leres isto, que houve um momento da tua vida em que não quiseste isto. Em que ansiavas por mais. Por melhor. Se estiveres na mesma situação em que estavas... em que estou agora, serás deserdado. For real! Deserdo-te.

Hoje passei horas no Starbucks só porque não queria voltar para ti. Pensa nisso. Fucking cidade. --'

CALOIRO FML

Sou caloiro, sou feliz:
tenho a vida que sempre quis!
(aquilo é uma nódoa de Vodka)

You asked for it

Suspiro. Penso em tudo o que necessito de dizer. Algo me prende: não te quero magoar. No entanto, pedes-me para falar e, embora hesite, solto-me...

'Sei que tenho receio de perder o que até aqui custou a ganhar, tenho medo de não ganhar o que há muito anseio por alcançar e sinto um pavor tremendo de a perder, como já esteve tantas vezes para acontecer. Nunca lhe disse adeus, apesar de tudo, e ela sabe disso. Usa e abusa do facto de lhe deixar sempre a porta entreaberta só para ela. Só para ela. Nem é preciso dizer. Tem sempre uma rede que a ampara, uma protecção que acha que desvanece, mas que se recusa a mover-se e que a continua a proteger. E, subrepticiamente, ela teima a invadir a porta que passou a ser dela por direito, continua a fazer uso da sua garantia de segurança, da minha ingenuidade e da minha vontade de que ela volte a entrar, da minha vontade de voltar a envolvê-la e não a largar. No fundo, até desejo que ela me use, que ela caia em si, que caia em mim, que me alivie este fogo na garganta, este tormento de alma, este aperto no coração, que substitua o meu mundo monocromático por uma realidade azul refrescante, só de olhar para mim. Gostava de significar mais para ela. E mais. Muito mais. É que ela é tanto para mim: faz-me roçar a obsessão - é inexplicável e doentio!
E é por isso que estou aqui sentado contigo; precisavas de saber que a quero a ela. Sempre foi ela. Seria mais simples se assim não fosse... mas é. Lamento.'

No fim, há silêncio e vazio nos teus olhos verdes e vergonha nos meus.

You light my fire


Labaredas vivas, laranjas e quentes consomem tudo em que já acreditei...

Páro, não me consigo mover. Passivamente, assisto ao teatro de horrores e não há como fechar o pano; não se distingue o veludo do fogo. Foste um, ou outro. Agora ambos. Depois... nenhum.

Vejo arder parte de mim, oiço o estalar das faíscas, cheiro o fumo que me consome o espírito, saboreio a tua fragância de calor uma última vez e morro, sem saber que vivi.

Evaporam-se as lágrimas, a esperança e o sonho. No fim, cobrem-se as cinzas com flores e comentam-se as memórias.

Australia for 2 (V) - Dourada Explosão


Entrámos a custo pela porta entreaberta de ferro forjado, que se queixou sonoramente. Choravas agarrada à tua coxa . As tuas lágrimas limpas abriam caminho pelas delicadas feições empoeiradas e o teu sangue denso ensopava os curtos calções, apenas para depois escorrer pelas tuas pernas. Contive um grito com tremenda dificuldade, agarrei-te num momento e, com extrema facilidade te encostei contra mim. Os teus soluços saiam abafados pelo meu peito, discretos como as lágrimas que me fugiam. A mina era escura e demorámo-nos a adaptar à fraca luminosidade. No entanto, não parámos.

Segundos depois, voltámos a ouvir o queixume do ferro do portão, desta vez aberto por eles. Contigo ao meu colo, não os conseguiríamos despistar. Murmuraste e pediste-me que te abandonasse. Ignorei-te, claro. Suplicaste. Contrariei-te; nunca te deixaria para trás... Virei instintivamente em direcção a uma luz baça um pouco distante. Ouvi ameaças vindas do fundo do túnel enquanto passávamos por uma trave de madeira que marcava o início de um outro sector da mina.

No tampo de uma mesa velha, encontrava-se uma lamparina frouxa, alimentada a petróleo, e, pelo aspecto do fogo no seu interior, o combustível estava no fim. Todavia, a pequena chama foi suficiente para que nos apercebessomos do conteúdo da sala: estantes com planificações esquemas enrolados, pepitas de ouro espalhadas aleatoriamente pelo chão e, repousando num baixo banco redondo, alguma dinamite que, em circunstâncias normais, seria utilizada para abrir novos túneis.

Ouvimos, mais perto, o som das armas a serem carregadas com mais balas, pousei-te lentamente no chão escuro e olhei para ti e tu para mim. Apesar de nos termos visto mutuamente através de uma cascada espessa de lágrimas de dor, cansaço e desespero, ambos compreendemos o que o outro pretendia dizer. Dirigi-me aos explosivos com uma pressa justificada e, depois de os agarrar, estendi-me para apanhar o candeeiro que se estava a apagar. Olhei para ti no que pareceu um desajeitado pedido de desculpas e acendi os rastilhos, atirando de seguida a dinamite com toda a força que consegui reunir em mim. Num último esfrço, corri para ti e contigo me sentei. Envolvi-te com os meus braços, tu agarraste-te ao coração de ouro que trazias ao peito e fechámos os olhos.

Australia for 2 (IV) - Descida para a Mina


O Jeep Wrangler descia para o subsolo a uma velocidade vertiginosa e eu não me sentia bem ao manobrá-lo pela espiral descendente de estrada de terra batida que iria até às profundezas da mina; a sensação de perigo iminente apertava-me o coração. Tinha reparado, pouco depois de termos abandonado o hotel, que os ameaçadores australianos vinham atrás de nós em carros europeus topo de gama - nunca os poderíamos despistar no nosso jipe de safaris, por isso, teríamos de nos esconder...

A velocidade dos negros Mercedes era inacreditável: moviam-se como se estivessem a ser açoitados pelo próprio diabo e deixavam uma enorme e disforme nuvem de poeira alaranjada por onde passavam. Dirigiam-se connosco para o interior da terra rica do deserto de Victoria. Quando achavam que estavam suficientemente perto de nós, disparavam alguns tiros rápidos através da nuvem de pó, fazendo com que ecos mortíferos ressoassem nas paredes daquele buraco no solo.

Tu ias enterrada no assento de pele, de olhos fechados e agarrada ao peito, com as mãos a envolver o coração do fio de ouro branco, tão puro, em contraste com este ouro de corrupção e sangue. Eu, por outro lado, tinha os olhos demasiado abertos, numa expressão que misturava dor, concentração e horror - eu não estava em mim. O ponteiro vermelho do velocímetro tremia nervosamente nos 220 quilómetros, como se soubesse que este era um valor facilmente ultrapassável pelos automóveis de luxo (se estes não estivessem preocupados com a possibilidade de cair para o precipício mineiro).

Depois de algum tempo, que nos pareceu interminável, foi possível ver o fim do abismo e a porta de entrada para a mina. Saltámos, então, com o jipe em andamento, com esperança que o facto do carro continuar a andar e que a nuvem de poeira nos encobrissem a fuga. Rebolámos nas pedras aguçadas e na terra suja, o que nos feriu. No entanto, a nossa vontade de sobreviver fez-nos ignorar os cortes e arranhões.

Depois, tudo se desenrolou demasiado depressa: o nosso Wrangler emitiu um rugido metálico de sofrimento ao embater com a parede de rocha, os Mercedes travaram subitamente e houve um momento de confusão no interior daquela massa de pó que rodopiava, o qual nós estávamos a aproveitar para nos aproximarmos da porta... mas foi então que tossiste devido à poeira. De seguida, tiros, ecos, gritos e dor.

Australia for 2 (III) - Sangue no Deserto


Os seus olhos estavam ainda fechados e a sua cara estava pálida e tinha um ar tão pacífico sob a luz artificial do candeeiro fluorescente. Os seus finos lábios pareciam esboçar um subtil sorriso e o cabelo loiro estava a ganhar uma tonalidade carmesim que se ia espalhando até começar a pingar para a sua roupa. Lentamente, começou a tombar para o lado esquerdo da cadeira e, sem fazer nenhum esforço para contrariar a queda, desabou do assento, caindo no chão com uma pancada pesada e um som leve. Ela tinha sido alvejada. E eu tinha visto. Tudo se tinha desenrolado à minha frente de uma forma extraordinariamente lenta, enquanto eu me mantinha quieto e em choque. A simpática recepcionista tinha sido atingido na têmpora, do seu lado direito, enquanto dormitava no seu posto, mas a morte foi instantânea... pelo menos para ela. Tinha sido um dano colateral...

Quando me apercebi de que havia movimento na sala anexa à recepção - cadeiras a arrastar, homens a gritar, berros de 'You son of a...!', mais tiros e outros grunhidos de que não me recordo -, acordei do meu transe induzido pela visão de morte. O meu instinto foi correr para ao pé de ti e assim o fiz. Saí da recepção numa fracção de segundo, mas não antes de ter visto o gerente do hotel e alguns guarda-costas brutos a sair da zona de onde tinham sido disparadas as armas - era a sala da administração, onde um jogo de poker tinha corrido muito, muito mal. Sei, agora, que ele também me viu.

Cheguei ao quarto e ainda estavas acordada, mas deitada com uma t-shirt que me pertencia e que te ficava muito larga. Não tive grande necessidade de abrir a boca para que confiasses em mim: a minha cara alarmada, preocupada e chocada bastou para que me seguisses na minha fuga. Saltámos pela janela térrea do nosso quarto do rés do chão apenas com o essencial, entrámos no Jeep e desaparecemos na distância. No entanto, três Mercedes negros de morte perseguiam-nos - não poderia haver testemunhas. Perseguiram-nos até à Mina de Ouro, onde tínhamos achado que nos poderíamos esconder. Nunca tínhamos estado tão errados...

Australia for 2 (II) - Cidade mineira


No momento em que chegámos a Kalgoorlie, já o sol tinha desaparecido sob o horizonte há muito, já as estrelas brilhavam como lágrimas sobre o pano de fundo negro distante e já a noite ia avançada. Isto fez com que entrássemos num dos primeiros hotéis, à beira da estrada poeirenta, que encontrámos. O seu nome era Aurelia, o que era bastante apropriado tendo em conta que esta cidade tinha sido fundada com um único propósito: recolher ouro do subsolo.

Fomos cordialmente atendidos por uma recepcionista com olhos verdes e sonolentos que não hesitou a entregar-nos a chave do quarto 35, sem nos forçar a grandes burocracias; escreveu apenas numa caligrafia rápida (e imperceptível para mim) o nosso apelido num bloco de notas em cima do balcão de eucalipto. E, assim que virámos as costas, a alta empregada loira adormeceu sentada na sua cadeira da mesma madeira, aparentemente desconfortável.

O quarto que nos foi atribuído não nos surpreendeu; era simples e prático, mas não primava pela limpeza. Claro que tu enfrentavas este facto com um sorriso diamantino de orelha a orelha: "Uma aventura não seria uma aventura se dormíssemos num quarto de luxo!". Não tínhamos tido o preço em consideração na escolha do hotel, mas este era um dos mais baratos da localidade.

Apesar de não o sabermos, este preço justificava-se pela utilização deste estabelecimento como forma de lavagem de dinheiro pelo seu dono e gerente - um homem corrompido pelo tráfico do precioso mineral que era explorado naquela cidade.

A minha companheira já se tinha deitado, mas eu quis ir perguntar a que horas teríamos de fazer o check-out na manhã seguinte. Ao chegar à recepção, ouvi um estrondo ensurdecedor... nada me teria preparado para o que tinha acabado de ver e para o que estava prestes a acontecer.

Australia for 2 (I) - Safari


Os teus perfeitos caracóis claros voavam devido à velocidade do nosso jipe, tal como uma moldura dourada, barroca que tenta fugir devido à extrema beleza da pintura. Era assim o teu rosto, o quadro por deuses pintado: profundo, mas simples; bonito, mas tímido; teu, mas meu. Seguravas o teu chapéu com a mão direita, não confiando no fino fio acastanhado roçava o teu pescoço e que o segurava à cabeça. Usavas os teus calções mais curtos, uma camisola branca de alças empoeirada e o colar que te tinha oferecido - o pequeno coração de ouro branco que pendia por cima do fino top. E estavas feliz. Feliz.

Eu conduzia atento aos quilómetros de deserto alaranjado. O meu chapéu australiano, semelhante ao teu, estava preso entre as minhas costas e o banco de pele branca do jipe para não se escapar, o que fazia com que o meu cabelo também se agitasse livre. Pressionava o pedal com um pé calçado num chinelo havaiano grande demais para mim e acelerava bem, saltando por cima das pequenas dunas de terra e contornado as maiores. Usava uma t-shirt e calções comprados há alguns dias em Cooper Peddy. Tal como tu, tinha um sorriso no rosto. A liberdade que serpentear num dos fenomenais desertos da Austrália me proporcionava era estonteante! Eu estava livre, tal como os cabelos. Livre.

De vez em quando, para grande satisfação nossa, avistávamos ao longe alguns cangurus ruivos a saltar; espécie frequentemente vista na zona mais a norte do deserto de Victoria.

Quando o sol se começou a esconder atrás das dunas e começou a lançar os seus raios mais avermelhados sobre a planície desértica, demos meia volta ao nosso Jeep Wrangler amarelo de tecto aberto, terminámos o nosso safari desse dia e fomos em direcção a Kalgoorlie, muito para oeste, onde dormiríamos.

Frase Aleatória #3

om nom nom... "You look good enough to eat"

(Lady Gaga - Monster)

Frase Aleatória #2

Hoje ofereceste-me uma t-shirt com um alce...

(aposto que me estás apenas a chamar cornudo.)

Frase Aleatória #1

Amor, só não te procurei na gaveta dos cachecóis.
 

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I welcome you to Another Soul (out in the open), a new project that has the purpose of showing a side of of me you didn't know. Another Soul @ has a new style, a new look - a whole new environment. Hope you like it!

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