Sentado friamente no mármore calmo que formava o pavimento da bela capela gelada, fitava, de olhos fechados, o meu futuro. De uma forma metódica, calculista e quase matemática analisava os vários cenários que ia criando. Apesar de geometricamente centrado numa sala redonda, vazia, rodeada de arcadas, formando passagens, sentia-me encurralado; todas as opções me pareciam distantes e indesejáveis. Com o passar do tempo, inquietava-me a possibilidade de nunca daqui sair, de nunca me levantar, de nunca escolher nem agir e para sempre apenas pensar.
No final da tarde, cruzando o firmamento em direcção a poente, o sol permitiu a entrada de um foco quente de luz através do óculo da fachada principal que me banhou, me invadiu e me aqueceu. Esbocei um meio sorriso devido à sensação acolhedora que tanto diferia do sentimento provocado durante o tempo já passado entre aquelas frias e indiferentes paredes e colunas de pedra polida.
Levantei-me lentamente e a minha cara deixou de estar ofuscada pelo raio de luz que continuava a aquecer as minhas pernas. Cegado pela diferença de luminosidade, esperei para que os meus olhos se voltassem a adaptar aos cantos mais escuros... Aguardei, mas continuei sem me mexer.